Outubro vermelho: Revolução Russa

Por: Luiza Valeria Canales Becerra



Figura 1 – Bandeira URSS. Fonte: guiadoestudante.abril

Crise do regime czarista:
O colapso do regime czarista em 1917 não foi um fato isolado que ocorreu da noite para o dia, mas foi fruto de um processo lento, influenciado por diversos fatores acumulados ao longo do governo de vários czares. Para compreender o colapso da autocracia czarista, nossa analise se iniciará a partir da posse do Czar Alexandre II, no ano de 1855, trazendo assim, acontecimentos e fatores mais próximos ao ano de 1917. Durante o governo de Alexandre II, houve a reabertura das fronteiras do país, fato que facilitou exportações agrícolas e a importação de mercadorias e capitais ocidentais. Esse contato com o Oeste faz com que a sociedade russa passe por um processo de ocidentalização, é neste período que ocorre o florescimento do pensamento e da literatura russa.
Com a abertura das fronteiras, a Rússia passou a depender excessivamente de empréstimos e mercadorias estrangeiras. Ao assumir o poder, Alexandre III investe alto na construção de ferrovias que passam a fomentar a indústria pesada e a industrialização de forma geral, porém a agricultura vê-se cada vez mais fraca. As políticas educacionais, voltadas para a alfabetização, e o contato com o ocidente fazem aumentar a agitação política em território russo, aprofundando-se a insatisfação com a pobreza e o atraso do país.
A Primeira Guerra Mundial fez surgir na Rússia outros fatores que enfraqueceram o regime czarista. As tropas russas, mal equipadas e mal lideradas, sofreram enormes perdas. Mas a crise não ocorria somente nos campos de batalha, nas cidades russas, as lojas estavam vazias, a moeda desvalorizou-se e a fome e o frio espreitavam os alojamentos de trabalhadores.
Figura 2 – Czar Nicolau II. 
Fonte: guiadoestudante.abril
O povo russo, que de início havia reagido à guerra com fervor patriótico, a partir do janeiro de 1917, passa a perder a confiança na autocracia, que não soubera proteger o país contra o inimigo, e consequentemente, havia deteriorado o quadro econômico da nação. Em março de 1917, greves, agitações nas filas de alimentos e manifestações de rua em Petrogrado, transformaram-se numa súbita revolução, fazendo chegar ao fim o poder do czar Nicolau II e consequentemente, dos Romanov, há mais de 300 anos no comando do país.


Podemos perceber, que a queda do regime czarista, dentre outros fatores, deveu-se a influencia do pensamento ocidental sobre a elite pensante do país. Políticas de abertura de fronteiras para mercadorias e capitais estrangeiros ao longo dos cem anos que precederam a Revolução, trouxeram para o país também a influência da filosofia do Oeste da Europa. Ao conhecer a realidade dos demais países europeus, os russos passaram a contestar o quadro econômico, político e social vigente em seu país, bem como a eficácia do governo concentrado nas mãos de um czar.


Fracasso do governo provisório e da democracia liberal em 1917: 
Com o fim do regime czarista, foi instituído um governo provisório, onde quem tomou a frente do cenário político russo foram os liberais. Estes tinham por ideal uma monarquia constitucional, liderada pela elite culta e proprietária. Porém, bastou pouquíssimo tempo até que começassem a se evidenciar os conflitos entre os interesses dos liberais e do povo. 
Enquanto os camponeses esperavam o confisco e a redistribuição de terras, os liberais queriam que o país permanecesse individido. Os camponeses passaram a dividir as terras de seus senhores entre si. Houve um colapso nas ferrovias que acabou detendo o escoamento da produção industrial. Assim, os bens de consumo escassearam e os seus preços subiram muito. Diante deste cenário, os camponeses não viam razão para vender suas colheitas, pois não podiam comprar nada com o dinheiro. As dificuldades cresceram e os ânimos se exaltaram de ambos os lados.
As massas camponesas iletradas não tinham experiência alguma, nem compreensão do que era uma sociedade livre. Assim, sem a sua cooperação, o liberalismo russo entrou em colapso.

Bolcheviques assumem o poder:

Figura 3 – Exército Vermelho. Fonte: Wikimedia Commons
Diante do fracasso do governo provisório, um grupo de revolucionários, reunidos no partido bolchevique, que posteriormente viria a se chamar partido comunista, organiza-se para tomar o poder. Em 24 de outubro de 1917 (6 de novembro do calendário ocidental), o líder soviético Vladimir Lênin assume o poder.
Lênin afirmava que estava conduzindo o proletariado Russo e toda a humanidade no sentido de uma ordem mundial superior, simbolizando, na Rússia e em grande parte do mundo, a rebelião dos desprivilegiados contra o domínio ocidental “capitalista”.



Líderes soviéticos e suas ideologias

Figura 4 – Leon Trotsky. Fonte: Wikimedia Commons
O primeiro líder do governo da URSS, Vladimir Lênin foi profundamente influenciado pelo pensamento marxista. Entretanto fez questão de adaptar as teorias do pensador alemão para a realidade soviética, criando o que posteriormente se convencionou chamar de leninismo. O antagonismo entre seus dois sucessores também deu origem a termos como trotskismo (o combate à burocracia estatal pregado por Leon Trotsky) e o stalinismo (o fortalecimento do Estado defendido por Joseph Stalin). 









Referências:

PERRY, Marvin. Civilização Ocidental: Uma história Concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2002. 
SEGRILLO, Angelo. Os Russos. São Paulo: Contexto, 2012.
VIZENTINI, Paulo Fernandes. História do Século XX. Porto Alegre: Novo Século, 2000.

Postar um comentário

0 Comentários