As paisagens urbanas e seus símbolos

Figura 1: Torre Pérola do Oriente, Xangai, China.
Fonte: http://es.wikiarquitectura.com
As paisagens urbanas são marcadas por símbolos que servem como pontos de referência e podem ter forte significado expressivo. Por possuírem símbolos, as cidades têm linguagens próprias e isso é o resultado da expressão das pessoas no espaço (BOULLÓN, 2006; LYNCH, 1960). Os símbolos criados pela arquitetura podem se tornar marcos visuais das cidades, um tipo de identidade urbana. Exemplos conhecidos são: a Torre Eiffel, em Paris; o Skylinede Nova Iorque; a Ópera House, de Sydney; a Torre Pérola do Oriente, em Xangai; o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro; e o Jardim Botânico de Curitiba.

Os símbolos urbanos podem, ainda, tornarem-se mercadorias suscetíveis à produção, à promoção e ao uso passageiro quanto qualquer outra mercadoria (PALLASMAA, 2011). A promoção pretende criar uma imagem favorável e que pouco respeita a complexidade da realidade de determinada cidade, porém, para ter sucesso, essa imagem deve ter algum fundamento real. Esse é o caso dos cartões postais, que buscam retratar elementos urbanos de modo que se acredite dar créditos a uma determinada cidade (TUAN, 1980). Cidades reconhecidas como centros financeiros internacionais, como Nova Iorque e Xangai, por exemplo, tendem a representar seu poder econômico por meio de edificações muito altas e imponentes. Já cidades que buscam se destacar como centros culturais ou como centros charmosos, apelam para a promoção de símbolos artísticos ou românticos, como a Torre Eiffel e o Coliseu, em Roma. Já as cidades que buscam difundir a imagem de modernidade, fazem o uso de símbolos do desenvolvimento técnico e científico contemporâneo, como o Plano Piloto de Brasília e suas obras arquitetônicas.

Figura 2: Cartão postal de Paris.
Fonte: http://galleryhip.com
A promoção e venda dos símbolos das cidades podem estimular, também, fantasias e devaneios. Isso cria e seleciona espaços urbanos para serem contemplados que podem se tornar potencialmente turísticos. Tais símbolos turísticos servem, ainda, para a produção e a manutenção dos olhares dos turistas (URRY, 1996) e para proporcionar belos cenários para as fotos, enquadrando, delimitando, determinada realidade. Por exemplo, ao pensar no Taj Mahal, em Agra, na Índia, provavelmente venha à mente uma imagem próxima a da foto à esquerda (cartão postal), sendo que o entorno desse monumento envolvem, na realidade, outros elementos, como os representados à direita da foto.

Figura 3: Taj Mahal. À esquerda o símbolo promovido. À direita, o entorno do símbolo com elementos da realidade local.
Fonte: http://cde.peru.com.


Por Lawrence Mayer Malanski


Referências bibliográficas:

BOULLÓN, R. Planificacióndelespacio turístico. México: Trilhas, 2006.

LYNCH, K. A imagem da cidade. Lisboa: Edições 70, 1960.

PALLASMAA, J.  Os olhos da pele:  a arquitetura e os sentidos.  Porto Alegre: Bookman, 2011.

TUAN,  Y.  Topofilia:  um  estudo  da  percepção,  atitudes  e  valores  do  meio ambiente. São Paulo: Ed. Difel, 1980.

URRY, J. O olhar do turista: lazer e viagens nas sociedades contemporâneas. São Paulo: Studio Nobel, 1996.

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