Arte, Ciência e Meio Ambiente.

Por João Marcos Alberton

O reconhecimento e a importância na expressão da arte, certamente anterior à fala e a escrita, remontam nossa história em diversas ações existenciais que fecundam a realidade e essencializam nossos conhecimentos.

A arte e o prazer da vida, independentemente de classe social ou meio em que se viva, são inerentes ao ser humano. O ser humano produz a partir de questões fundamentais que lhe dizem respeito. Tal questionamento constante se faz sob a perspectiva de seu lugar no mundo. Tanto a ciência como as artes respondem a essa necessidade mediante a construção de objetos do conhecimento, na particularidade do sujeito e no âmbito de suas relações sociais.

Quanto à aprendizagem, conforme preconizou HEIDEGGER, citado por MORIN (2000, p. 55) “o corpo de ensino tem de chegar aos postos avançados do mais extremo perigo, que é constituído pela permanente incerteza do mundo”.

O próprio conceito de verdade, sua flexibilidade, torna-se verdade provisória, o que muito se aproxima estruturalmente dos produtos da ciência e da arte na busca do significado da vida no Planeta. Assim, ao objetivar sentimentos, a arte permite ao espectador uma melhor compreensão de si próprio, dos padrões e da natureza dos sentimentos. “Isto está de acordo com a importância intelectual e, efetivamente, biológica da arte: somos impelidos à simbolização e articulação do sentimento quando temos de compreende-lo a fim de nos mantermos orientados na sociedade e na natureza” ( LANGER, p. 262 ). A busca de significações, movida por necessidades subjetivas, faz que o ser humano encontre ordenações nos fenômenos vivenciados, os quais, talvez em última instância, correspondam à busca de determinados estados de equilíbrio interno  (FAYGA OSTROWER, P.51).

As expressões apreendidas da realidade do mundo e de cada um são elaboradas na mente por meio de imagens, constituindo o aspecto fundamental da imaginação humana: percebemos, compreendemos, criamos e nos comunicamos, sempre por intermédio de imagens, formas.

Na arte, as formas expressivas são sempre formas de estilo, formas de linguagem, formas de condensação de experiências, formas poéticas e, neste sentido, também as palavras das poesias, ou de níveis poéticos, devem ser entendidas como formas verbais. Nelas, fundem-se a uma só vez o particular e o geral, a visão individual do artista e a da cultura em que vive, expressando assim certas vivências pessoais que se tornam possíveis em seu contexto cultural.

Na conversão de imagens e significados, fundamentam-se as linguagens simbólicas. Como seres conscientes, temos a capacidade de vivenciar o próprio ser e, ainda, de tomar conhecimento do conteúdo de nossas vivências. (FAYGA OSTROWER, 1990, p.51).

O estudo da linguagem, sob as formas mais consumadas – literária e poética-, leva-nos diretamente ao caráter mais original da condição humana, pois, como afirmou BONNEFOY, citado por MORIN (2000, P.55) “são as palavras, com seu poder de antecipação, que nos distinguem da condição animal” . O mesmo autor enfatiza que a importância da linguagem está em seus poderes, e não em suas leis fundamentais.

A poesia faz parte da literatura, mas, ao mesmo tempo, é mais que literatura porque nos remete à dimensão poética da existência humana. Revela que habitamos a terra não apenas prosaicamente – sujeitos à utilidade e à funcionalidade -, mas também poeticamente, destinados ao deslumbramento, ao amor, ao êxtase. Pelo poder da linguagem, a poesia nos põe em comunicação com o mistério, que está além do dizível.

As artes levam à dimensão estética da existência – conforme o adágio que diz que a natureza imita a obra de arte -: ensinam a ver o mundo esteticamente.

Trata-se, enfim, de demonstrar que, em toda grande obra, de literatura, de cinema, de poesia, de pintura, de escultura, há necessariamente um pensamento profundo sobre a condição humana (MORIN, 2000, p. 43-45).

Nesse contexto da compreensão dos crescentes desafios da humanidade, como o das relações entre as sociedades humanas e a natureza, destaca-se a urgência da conscientização de valores e ações sensibilizando atitudes para o reconhecimento do meio ambiente, objetivando tanto quanto possível a harmonia entre o ser humano, a sociedade e a natureza (GUIMARÃES, 1995, p. 28).

O tema meio ambiente trata de questões relativas ao ambiente em que vivem os seres humanos e as demais espécies do Planeta, o que envolve além dos elementos físicos e biológicos, os modos como a humanidade interage com esses elementos, como parte dessa natureza, por meio dos processos vitais do trabalho, da ciência, da arte e da tecnologia.

Esse tema em especial da busca de caminhos pessoais e coletivos que levem ao estabelecimento de descobertas nas relações econômicas, sociais e culturais, cada vez mais adequadas à promoção de uma boa qualidade de vida para todos, tanto no presente quanto no futuro. Tal transformação implica a exigência de profundas mudanças na visão que ainda prevalece, neste inicio de milênio, acerca da natureza e das relações entre sociedades humanas e seu ambiente de vida.

Referências:
ALBERTON, J. M. "Um olhar sobre o mar" - Atividades de Arte-educação como temática ambiental na comunidade da Ilha de Superagui - Guaraqueçaba - PR. Dissertação de Mestrado. PPGE-UFPR.

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1 Comentários

  1. Vocês já viram a proposta do Projeto Passos da Natureza 21? É uma iniciativa de Entretenimento, Ciência, e Meio Ambiente.
    Tem informações no Clube Natureza Gleam.
    Estou publicando aqui porque temos ótimas referências sobre pessoas do Paraná, lindas, bem-dispostas, comunicativas.

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