Revisão: Jeffrey Cássio de Toledo
A Revolução Científica
A transformação do nosso entendimento do mundo físico decorrente da Revolução Científica do século XVII, também ocorreu na forma como compreendemos o indivíduo, a sociedade e o propósito da vida. A Revolução Científica foi um marco decisivo na construção do mundo moderno. Destruindo a visão de mundo medieval e descartando a ideia de propósitos divinos, a ciência moderna passa a examinar a natureza física através de relações matemáticas e composições químicas.
A concepção de razão proposta por pensadores do período divergia completamente da defendida pelos escolásticos do período medieval. Para estes, a razão era um instrumento para contemplação da verdade divina, ou seja, deveria estar a serviço da teologia. Influenciados pelo espírito científico, os pensadores agora viam a investigação da natureza como principal atividade da razão.
A Revolução Científica estimulou o desenvolvimento de um espírito crítico e racional entre a elite intelectual. Os pensadores passam a considerar a magia, a alquimia e astrologia como simples superstições e vêem os fenômenos que anteriormente eram atribuídos à forças ocultas, como passíveis de análise, recorrendo-se às forças naturais. Assim, abriu-se um enorme abismo entre a elite intelectual e as massas, que continuavam mergulhadas nas superstições populares.
Repudiando a confiança depositada em pensadores como Ptolomeu, Aristóteles e outras autoridades antigas em assuntos relacionados à natureza, a Revolução Científica passa a valorizar o conhecimento derivado da observação, da experimentação e do raciocínio matemático. Mencionar uma autoridade antiga não era mais suficiente para atestar um ponto de vista, o novo modelo de conhecimento prezava pela experiência com o mundo.
Ampliando a confiança dos pensadores no poder da razão, a Revolução Científica fortaleceu a confiança
nas capacidades humanas expressas anteriormente pelos humanistas renascentistas. Acreditava-se que, o método científico revelaria os segredos da natureza e a humanidade, adquirindo mais conhecimento e controle sobre a natureza, avançaria rapidamente.
René Descartes e o Método Dedutivo
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Fonte: Wikipédia. |
O método científico compreende duas abordagens do conhecimento complementares: a empírica (indutiva) e a racional (dedutiva). Na abordagem indutiva, empregada em ciências descritivas como biologia, anatomia e geologia, extraem-se princípios gerais a partir da análise de dados coligidos através da observação e da experimentação. As principais características do método indutivo foram defendidas pelo inglês Francis Bacon, que considerava os dados provenientes da experiência sensória como bases do conhecimento. Na abordagem dedutiva, empregada na matemática e na física teórica, as verdades são derivadas de princípios elementares. O método dedutivo foi formulado no século XVII por René Descartes (1596-1650), matemático e filósofo francês, considerado fundador da filosofia moderna.
Em Discurso do método, sua principal obra, Descartes expressou seu desapontamento com o saber de sua época. Grande parte daquilo em que ele acreditava se revelara falso. Descartes resolveu então, buscar somente o conhecimento que pudesse encontrar dentro de si mesmo ou na natureza. Empenhou-se em encontrar uma verdade irrefutável que servisse como princípio elementar do conhecimento.
Descartes foi considerado o fundador da filosofia moderna por ter incentivado os indivíduos a questionarem todas as crenças tradicionais e por ter proclamado a inviolável autonomia da mente, sua habilidade e direito de compreender a verdade. Suas declarações conscientizaram as pessoas de sua capacidade de entender o mundo através de suas próprias faculdades mentais.
René Descartes considerava o método matemático como o caminho mais seguro para se chegar ao conhecimento. Aplicando o raciocínio matemático aos problemas filosóficos, podemos alcançar a mesma certeza e clareza evidenciadas na geometria. O método dedutivo cartesiano complementa com perfeição a abordagem indutiva de Bacon, que ressalta a observação e a experimentação. As realizações cientificas dos tempos modernos tiveram origem na habilidosa sincronização dos métodos indutivo e dedutivo.
Referências:
PERRY, Marvin. Civilização Ocidental: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
DELUMEAU, Jean. A civilização do Renascimento. Lisboa: Edições 70, 2004.
9 Comentários
Só há uma pequena contradição em relação ao local de nascimento de Descartes.
ResponderExcluirenfim ... es mesmo burro ... isto está a falar da ciência/conhecimento cientifico de Descartes ninguem quer saber da data de nascimento !
ResponderExcluirIsso ñ é a biografia buro é s tu
ExcluirDesncessário chamar o autor do primeiro comentário de "burro".
ResponderExcluirAliás, ele fala sobre LOCALe não de DATA. kkk.
Quem seria o burro? Alguém que faz um comentário/contestação ou alguém que não iinterpretar o que lê?
Fala-se de Descartes mas não vejo citações de sua obra citada Discurso do Método. Gostaria que provasse a burrice do rapaz, pois não me parece ser possuidor de muito conhecimento sobre Descartes quem elaborou esse escrito de dois autores que aliás são comemtadores
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ResponderExcluirO grande René Descartes, filósofo e pensador genial, ousou, com seu Discurso do Método estabelecer, pela dúvida, os critérios essenciais de uma metodologia realmente científica. Estabeleceu critérios que orientam a maneira como se deve proceder no desenvolvimento de uma tese racional para que se chegue a uma conclusão lógica destituída de crendices e idéias pré-concebidas. Seu pensamento está até hoje inserido no método científico moderno; e não se encontra nada melhor em termos filosóficos.
Muito bom obrigado
ResponderExcluirMais conteúdo.
ResponderExcluirShow
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