Seguindo nossa viagem pela história das constelações ocidentais, chegamos à época das grandes navegações, onde bravos homens aventuraram-se por águas desconhecidas, deparando-se com novas civilizações, fauna, flora e outras riquezas.
"Novas estrelas" aparecem no céu
O cenário da Astronomia permanece o mesmo até o período das grandes navegações, em que acontecimentos como a descoberta da América em 1492, revolucionam o mundo conhecido até então. Viagens para a busca de especiarias na Índia, que muitas vezes foram feitas contornando-se o continente africano, obrigou os navegantes a “descerem” para o hemisfério sul da Terra, o que lhes permitiu a observação de um “novo” céu, com novos objetos e novas estrelas.
Figura 1: Tycho Brahe. |
O astrônomo dinamarquês Tycho Brahe (1546 – 1601), representado na figura 1, inclui a constelação da “Comma Berenices” (Cabeleira da Berenice), relata por Eratóstenes de Alexandria, cerca de 250 a.C.
Em 1624, o astrônomo alemão Jakob Bartsch (1600 – 1633) nomeia a constelação Columba, a pomba. Bartsch era genro de Johannes Kepler e o auxiliou com os cálculos das chamadas Três Leis de Kepler.
O astrônomo holandês Johannes Bayer (1542 – 1625), publica sua obra intitulada Uranometria, na qual inclui mais 12 constelações, descritas na tabela abaixo.
Apus
Ave
do Paraíso
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Chamaleon
Camaleão
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Dorado
Dourado
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Grus
Grou
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Musca
Mosca
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Triangulum Australe
Triângulo
Austral
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Hydrus
Hidra
Macho
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Pavo
Pavão
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Phoenix
Fênix
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Indus
Índio
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Tucana
Tucano
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Volans
Peixe
Voador
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Figura 2: Johannes Höwelcke |
Johannes Höwelcke (1611 – 1687), mais conhecido como Hevelius (figura 2), inclui mais 9 constelações, em sua obra Sete Cartas Celestes, datada de 1680. A relação das constelações acrescidas por Hevelius está na tabela a seguir:
Camelopardalis
Girafa
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Canis Venatici
Cães de Caça
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Lacerta
Lagarto
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Lynx
Lince
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Leo Minor
Leão Menor
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Monoceros
Unicórnio
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Scutum
Escudo
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Sextans
Sextante
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Vulpecula
Raposa
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Em 1697, Austin Royer, arquiteto do rei Luís XV, desmembra a Crux Australis da constelação do Centauro, surgindo o Cruzeiro do Sul.
Dentre todas as modificações/inclusões feitas ao longo do tempo, certamente uma das mais influentes foi de promovida por Nicolas-Louis Lacaille (1713 – 1762), mostrado na figura 3. Em 1751, Lacaille viaja até o Cabo da Boa Esperança (sul do continente africano), com o intuito de estudar o céu do hemisfério sul. Nestes trabalhos, ele inclui mais 14 constelações, onde procurava prestar homenagens aos avanços da ciência e da tecnologia, como, por exemplo, o relógio, o telescópio, o compasso e etc. Outra contribuição sua foi a divisão da constelação Argus, o barco, em 4 partes: Carina (Quilha), Vela (Vela), Puppis (Popa) e Pyxis (Bússola), pois tratava-se de uma configuração muito grande. As contribuições de Lacaille estão descritas na tabela abaixo:
Antlia
Máquina
Pneumática
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Mensa
Mesa
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Pyxis
Bússola
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Microscopium
Microscópio
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Reticulum
Retículo
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Circinus
Compasso
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Norma
Esquadro
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Sculptor
Escultor
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Fornax
Forno
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Octans
Oitante
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Pictor
Pintor
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Telescopium
Telescópio
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Horologium
Relógio
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Caelum
Buril
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Em paralelo a essas histórias, aconteceram algumas tentativas frustradas de incluir novas constelações. O mesmo Augustin Royer que desmembrara o Cruzeiro do Sul da constelação do Centauro, tentou modificar a constelação do Lacerta (Lagarto) para Mão da Justiça, não obtendo êxito. Já Edmond Halley (1656 – 1742), sugeriu a constelação “O Roble de Jorge”, no intuito de homenagear seu soberano Jorge II. Finalmente, em 1787 o astrônomo Johan Bode decidiu que a constelação do Lagarto deveria se chamar “Glória de Frederico”, em homenagem a Frederico II, da Prússia.
Atualmente, temos 88 constelações, divididas em 12 zodiacais, 27 boreais (ou do hemisfério norte), 49 austrais (ou do hemisfério sul). Alguns preferem a divisão de 18 boreais, 34 equatoriais e 36 austrais. No entanto, a noção de constelação passou de um padrão, ou conjunto de estrelas, para uma região do céu, semelhante à divisão do Brasil em estados. Esta modificação ocorreu em 1929, quando a IAU (União Internacional Astronômica) definiu as 88 regiões do céu, baseada em dados de declinação e ascensão reta.
LIVROS
MILONE, André de Castro. Introdução à Astronomia e a Astrofísica. INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. São José dos Campos, 2003.
MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Livro de Ouro do Universo. Rio de Janeiro. Ediouro, 2001.
SAGAN, Carl. Cosmos. Tradução: Angela do Nascimento Machado; revisão técnica de Airton Lugarinho de Lima. Francisco Alves Editora. Rio de Janeiro, 1992.
SITES
http://astro.if.ufrgs.br
http://www.aao.gov.au/
http://www.iau.org/
http://www.nasa.gov/
http://www.zenite.nu/
2 Comentários
ruim
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