MILTON SANTOS: UM DOS ÍCONES DA CIÊNCIA BRASILEIRA!

Em 03/05/2019, o geógrafo brasileiro Milton Santos completaria 93 anos. Um dos expoentes da Geografia Mundial, professor da USP e estudioso da globalização. Para relembrarmos um pouco de seu legado, republicamos a resenha do filme "Encontro Com Milton Santos", do cineasta Silvio Tendler.


Por Luiza Canales Becerra
Revisão: Rafael da Silva Tangerina




O documentário, baseado na obra do geógrafo brasileiro Milton Santos, nos traz um recorte singular sobre a globalização. As crises econômicas, as divisões da sociedade e do território, o papel da mídia e as revoltas populares são retratados como consequência da globalização desigual em que estamos inseridos atualmente.

Apresenta-nos as faces do mundo globalizado, estabelecidas por Milton Santos em seu livro “Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal”. A primeira face caracteriza-se pelo que chamamos de globalização como fábula, aqui estariam agrupados os fatores que nos fazem crer que o mundo globalizado tal como é hoje, beneficiaria uniformemente todos os indivíduos. Fatores estes, como o encurtamento de distâncias, facilitado pelo desenvolvimento dos meios de transporte e o acesso à informação. Neste último fator, há uma enorme crítica ao papel da mídia exercendo forte influência sobre a opinião da população, trazendo até nós somente o que querem que vejamos.

A segunda face seria a globalização tal como ela é. Aqui, a globalização mostra a sua face mais cruel, principalmente no que se refere aos países pobres, onde as diferenças entre classes sociais são mais nítidas. No decorrer do documentário são apresentados acontecimentos no mundo inteiro que focam a atenção na sociedade capitalista que, a fim de obter benefícios próprios em detrimento da apropriação de bens comuns e do uso privado de riquezas mundiais por parte de uma minoria, efetua apropriações indevidas que geraram tensões por tentar deter grandes bens nas mãos de pequenos grupos, enquanto se consolida o estado de miséria para todo o resto.

A tentativa de privatização da água potável em Cochabamba, Bolívia em 2000 e o 3º Fórum Mundial da Água em Kioto, Japão em 2003, foram eventos que chamaram a atenção do mundo para os efeitos da globalização frente à sociedade capitalista na qual estamos inseridos. Em meio à crise financeira, tem-se o crescimento crônico do desemprego e da fome. É o que chamamos de segundo efeito da globalização, ou globalização da perversidade, em que a pobreza é vista com naturalidade.

Contudo, os grupos que são massacrados e postos à margem deste processo desenfreado de desenvolvimento global ganham força com seus movimentos e buscam reverter a ordem imposta. A África e a América Latina são os gigantes despertando para os problemas que lhe são causados, e que são promovidos pelos grandes investidores de mercado que ambicionam ganhar espaços para depois explorá-los.

Milton Santos deixa evidente que estas ações não são promovidas unicamente pelo Estado, e afirma que: “As fontes criadoras de diferenças e desigualdades são mais fortes que as ações do Estado. Para isto, é necessário um Estado socializante.” Não há somente um Estado socializante a ser construído, há também uma sociedade e Milton Santos afirma que esta sociedade na qual vivemos ainda é um ensaio, da que está por vir.

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1 Comentários

  1. Ótima matéria! Sempre bom conhecer novos nomes da Ciência brasileira.

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